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Por que as Pessoas estão se afastando dos estádios de Futebol? a resposta é óbvia; Violência entre torcidas.
Há
momentos na vida pessoal ou na vida em sociedade em que tudo o que fermenta,
tudo o que incomoda, tudo o que faz mal, vem à tona, aflora à consciência.
Alguma coisa acontece e faz com que aquela semente não se conforme mais com a
terra. O detonador desse processo, pode ser algo de grande magnitude,
cuja ocorrência por si justifica a reação e pode ser algo pequeno, cuja
verificação, se analisada isoladamente, não explica o movimento. Seria difícil
dizer se uma briga entre torcidas ocorrida em agosto de 1995, no Estádio do
Pacaembu, com a morte de um torcedor, foi a mais violenta, a mais cruel, a mais
carregada de ódio entre pessoas que não se conhecem.
Ou se foi o acontecimento
mais chocante em termos de violência relacionada ao esporte. Pode até não ter
sido. Talvez a presença maciça da polícia em outros momentos, ou a maior
importância de outros jogos, tenha entorpecido o conhecimento dessa realidade
que não é de agora. Ou talvez nos estivéssemos acostumando à convivência dessas
idéias aparentemente antinômicas, dessas realidades à primeira vista
antagônicas: violência e esporte. O certo é que com aquele fato a sociedade
acordou e disse BASTA! A cidadania cobrou providências imediatas. Quis o fim da
impunidade. Por falta de reflexão anterior, exigiram-se medidas de qualquer
natureza.
Quanto mais radicais, melhor. Algumas que, se implementadas,
inviabilizariam a sua própria razão de ser, ou colocariam em risco a cidadania que
reclamou e se diz desprotegida. Ninguém há de querer o fim do esporte, ou a
imposição às praças de futebol da calma dos cemitérios. Novas leis. Será
necessário? Mais ousadia? Mais criatividade? O que se quer da Polícia? O que se
espera da família? Da mídia? Dos clubes? Da escola? Da Federação? Da própria
sociedade? O que se quer é o fim do medo. É poder torcer, vibrar,
inconformar-se, sem ser punido pela cruel lógica de não ser da mesma torcida do
agressor potencial. O que se quer é poder sair do estádio, rindo ou sofrendo
conforme o resultado, sem a agonia de fugir da violência anônima, vestida de
"gang" uniformizada.
O que se quer é PAZ nos Estádios |
Responsabilidade
Várias
providências já foram adotadas. O cadastramento de torcedores. O incentivo ao
comparecimento de famílias. A proibição de identificação de torcidas
uniformizadas. São medidas enérgicas a serem mantidas. Há outras providências
por adotar.
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Os grupos organizados de torcedores foram criados e incentivados pelos clubes e
por eles muitas vezes financiados e prestigiados. A sociedade passa a exigir
que nos regulamentos dos campeonatos se insiram cláusulas de punição aos clubes
cujas torcidas provocarem manifestações de violência (episódios limite) a
critério de um colegiado formado pela sociedade civil. Isto mesmo que a
manifestação não tenha influído no resultado do jogo (caso em que a
responsabilidade já existe).
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Parte da arrecadação dos jogos deve ser destinada a um fundo para vítimas de
violência no esporte e para campanhas de cunho pedagógico. Não será nenhum
prejuízo. Basta cercar a evasão de renda.
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Grande preocupação deve cercar a constituição de torcidas organizadas. As que
incluírem ritos de iniciação ilegais, incentivo à violência por atos ou
símbolos, caracterizam conduta prevista em lei como ilegal e devem ser extintas
por ação judicial. Seu patrimônio deve ter o destino acima referido.
Educação
O
problema não é só de repressão/prevenção, ou de impunidade/responsabilidade. O
problema é também de memória. Quanto tempo durará essa campanha na
"média"? Quanto tempo a sociedade militará nessa discussão, hoje
diária? Nós precisamos constituir o que CANETTI chamou de massa de inversão.
Manter à tona nossa inconformação com a violência no esporte, de forma ativa.
Movimentos desse tipo, conduzidos por entidades não governamentais, cercearam
situações de violações aos direitos humanos, derrubaram ditaduras. Porque não o
mesmo contra a violência?
Assim,
deve ser cobrado aos clubes, às torcidas que remanescerem, à imprensa, à
sociedade em geral, campanhas massivas contra a violência. A cada espetáculo de
futebol, algo deve ser feito, como parte do espetáculo, como requisito da
apresentação esportiva, contra a violência, pela volta da alegria. Esse
processo educativo vai exigir a reflexão de quantos conviverem com a prática
esportiva.
O Respeito à
Cidadania
O
critério de todas as providências adotadas é a preservação do espetáculo e dos
direitos da cidadania. Grande esforço deve ser feito para preservar as
garantias dos cidadãos, sem prejuízo da contenção da violência.
Solidariedade
Se o esporte já serviu a ditadores e a ditaduras, também nos deu grandes lições
de solidariedade, dentro e fora do campo. Grandes causas já receberam a adesão
de clubes, esportistas e torcidas. A anistia. O fim dos desaparecimentos
forçados. A democracia. A paz. Faixas, cartazes e bandeiras que cruzaram o
mundo, denunciando, lembrando, exigindo, via satélite.
A
mesma criatividade que fez nascer práticas esportivas cujo sucesso está na
solidariedade entre os jogadores de um time, deve patrocinar ações que restabeleçam
a alegria e determinem o fim da violência entre as torcidas.
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