Há
momentos na vida pessoal ou na vida em sociedade em que tudo o que fermenta,
tudo o que incomoda, tudo o que faz mal, vem à tona, aflora à consciência.
Alguma coisa acontece e faz com que aquela semente não se conforme mais com a
terra. O detonador desse processo, pode ser algo de grande magnitude,
cuja ocorrência por si justifica a reação e pode ser algo pequeno, cuja
verificação, se analisada isoladamente, não explica o movimento. Seria difícil
dizer se uma briga entre torcidas ocorrida em agosto de 1995, no Estádio do
Pacaembu, com a morte de um torcedor, foi a mais violenta, a mais cruel, a mais
carregada de ódio entre pessoas que não se conhecem.
Ou se foi o acontecimento
mais chocante em termos de violência relacionada ao esporte. Pode até não ter
sido. Talvez a presença maciça da polícia em outros momentos, ou a maior
importância de outros jogos, tenha entorpecido o conhecimento dessa realidade
que não é de agora. Ou talvez nos estivéssemos acostumando à convivência dessas
idéias aparentemente antinômicas, dessas realidades à primeira vista
antagônicas: violência e esporte. O certo é que com aquele fato a sociedade
acordou e disse BASTA! A cidadania cobrou providências imediatas. Quis o fim da
impunidade. Por falta de reflexão anterior, exigiram-se medidas de qualquer
natureza.